Mendes
Mendes é uma adorável cidade gentil, de pessoas simpáticas e surpreendentes que cultivam os encontros, a poesia e as artes literárias.
Talvez porque o Calango, espécie de repente do Vale do Café, vive aqui. Tradição cultural ancestral, de desafio com rimas em uma conversa divertida, ela é uma espécie de poesia improvisada.
Na primeira metade do século 20, Mendes abrigou um grupo inigualável de escritores que trabalhavam em jornais e rádios do Rio de Janeiro.
O consagrado Fogaça – Francisco Ladeira de Viveiros; Luiz Teixeira Netto escritor, jornalista e poeta; Chico Veiga que encantava com suas finas crônicas diárias na rádio Tupi (década de 40/50), Alberto Paiva, Luiz G. Costa correspondente de O Estado. Othon Moacyr Garcia, autor de um livro marco adotado até hoje em muitas universidades do Brasil: “Comunicação em Prosa Moderna” e Sérgio Confort, poeta indicado aos prêmios Jabuti e Oceanos 2020, continuam colocando a escrita de Mendes em destaque no século 21.
Três figuras míticas femininas, poetisas, D. Umbelina, Maria Nami e Nely Nepomuceno arraigaram o amor à poesia, na cidade. D. Umbelina, sem saber ler ou escrever, caminhava com papel e caneta pedindo aos que encontrava, que escrevessem para ela suas poesias. A Arte da palavra tem raízes profundas em Mendes.
Como se não bastasse, todos os domingos ininterruptamente, há 16 anos, você pode passar o dia na praça do centro da cidade, e ouvir Choro. Um gênero de música instrumental que tem origens nos ritmos africanos misturados às danças europeias nas Bandas Sinfônicas do Rio de Janeiro e Vale do Café. O Choro tem cadência peculiar, de notas perfiladas, explicadas, e remete ao ritmo das palavras faladas em português.
Na mesma praça, no muro em frente está o Painel Artístico “Árvore da Vida”, produzida com louças, porcelanas e faianças, uma obra de arte, com técnica inédita, do Artista Rafael Maia, traz exuberância e afeto para quem deseja uma foto ou somente apreciá-la. ( Foto: Marcelo Cateysson).
A harmonia de literatura e choro geram nesta cidade cooperação, solidariedade, encontro. Rodeada por sítios de veraneio e fazendas, muitos de seus habitantes trabalham no Rio de Janeiro. A cidade é amada pelos que moram ali. Porcelanas e cerâmicas fazem parte do encontro de avós e netos, mães e filhos, nos finais de semana em família e no tradicional cafezinho oferecido a quem chega. Um encantador hospital de brinquedos recupera brinquedos para as crianças. A 1a Cooperativa do Rio de Janeiro, atuante há 91 anos, foi fundada na cidade por Marechal Rondon e amigos em 1929: “Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada”.
O ciclismo é forte em Mendes. O tricampeão brasileiro de Mountain Bike, Robson Ferreira, nasceu na cidade. Pedais de Ciclismo acontecem especialmente em Cinco Lagos, charmoso bairro que tem ruas com nomes de flores e frutíferas. Os ciclistas buscam chegar até a Pedra do Índio, nos limites do bairro com a floresta, um ícone local.
A belíssima capela do Sagrado Coração de Jesus, com vitrais e afrescos, na Fazenda São José das Paineiras, merece visita. O Foyer de Charité presente em 40 países, tem uma única unidade no Brasil, em Mendes. Inúmeros retiros de silêncio, espirituais, são programados durante o ano, abertos aos interessados.
Uma cidade de extraordinário acolhimento e simpatia!